Recentemente me peguei lembrando da minha infância e pré-adolescência. Ainda que nascido dentro de uma família evangélica, foi com 14 anos de idade que tive um encontro muito forte com Deus e minha vida mudou totalmente. Antes disso, minhas lembranças são bem acinzentadas e episódicas.
Há certas coisas, porém, que marcaram bem esse período de pré-encontro com Deus. Eu sempre fui um garoto extremamente tímido e introvertido, além de super-dependente da minha mãe. Eu acho que é meio difícil pra quem me vê morando hoje a mais de 2000 quilômetros de distância da minha família e extrovertido do jeito que sou, imaginar que isso que eu tô contando já aconteceu. Mas era assim mesmo!
Acontece que eu lembro muito de um dia em que minha mãe havia viajado. Eu estava lendo "A Cadeira de Prata" (quarto livro publicado da série "As Crônicas de Nárnia") e Deus falou tremendamente ao meu coração. Foi aí que eu percebi, através de uma situação relatada na história, que não importa quanta escuridão pareça me envolver, quão sozinho eu pareça estar, Aslam estava ali comigo e nunca me deixaria.
Esse série simboliza pra mim, então, um canal de Deus para ministrar na minha vida desde pequeno. Já falei um pouco no meu primeiro post "Quero ser como o paulama" sobre o Brejeiro, personagem desse crônica que, através de suas atitudes mudou meu caminhar. Hoje quero falar de outra situação narrada dentro dessa mesma história que fala tremendamente ao meu coração.
É sobre Jill Pole que vou falar aqui, uma garota britânica que, juntamente com Eustáquio, chega a Nárnia no contexto de "A Cadeira de Prata". Logo ao chegar, ela recebe uma missão do próprio Aslam.
O Grande Leão lhe diz que ela deveria observar a ocorrência de determinados sinais (coisas que iriam acontecer ou que ela deveria fazer) durante a sua jornada para que o propósito que Ele lhe estava confiando fosse alcançado. Ele diz: "Antes de tudo, lembre-se dos sinais! Repita-os ao amanhecer, antes de dormir e, caso acordar, durante a noite...Por mais estranhos que sejam os acontecimentos, de maneira alguma deixe de obedecer aos sinais."
Apesar de a missão de Jill ser cumprida no final da história (pois se lembrou do último sinal), todos os outros sinais foram esquecidos por ela e isso fez com que sua caminhada se tornasse bem perigosa e sofrida.
Eu acho que cada um pode interpretar o significado desses sinais à sua maneira. Eu, particularmente, os vejo como a Palavra de Deus. O Senhor nos colocou na Terra com um propósito. Todos nós possuimos um. Porém, para que possamos alcançar os objetivos que nos foram dados por Deus, para que possamos ao menos ter vontade de cumpri-los, devemos ter a Palavra de Deus guardada no nosso coração, meditando nela de dia e de noite como disse o Grande Leão no primeiro encontro que Jill teve com Ele.
Mas eu acho que o mais interessante de tudo é quando ele diz que por mais estranhos que fossem os acontecimentos, ela não deveria deixar de obedecer os sinais. Muitas vezes nós olhamos ao nosso redor e não vemos motivo para nos manter fiéis à Palavra. O mundo tenta desesperadamente nos convencer que o certo não é viver de acordo com os valores eternos, mas com os do aqui e os do agora. Porém, mesmo nessas circunstâncias, por mais aflitos que estejamos, por mais difícil que seja, não devemos ouvir nenhuma outra circunstância ou voz, senão "a única voz no mundo pela qual secretamente esperavam: a voz de Aslam".
Isso parece ser muito fácil de falar e muito difícil de se fazer. Tenho vivido isso na pele, esses últimos dias. Por mais que minha alma grite querendo desesperadamente algo que desagrade o Senhor e tente me apresentar todos os argumentos possíveis pelos quais eu devia fazer o que ela diz, eu decidi permanecer fiel ao que DEUS diz. E por mais difícil que seja essa batalha, pois realmente o é, se medito "nos sinais" de dia e de noite e deixo meu espírito ser fortalecido, a batalha é ganha e as recompensas são incrivelmente maravilhosas!
Quando aprendemos o verdadeiro valor dos sinais, temos sucesso na nossa jornada e fazemos o que for necessário para segui-los fielmente, não importa qual seja o custo. Quando Jill, Eustáquio e o Brejeiro aprenderam o valor dos sinais, eles disseram, mesmo diante de uma situação em que não havia possibilidade alguma de vitória, senão a fé: "Vai ser a nossa morte, não tenho a menor dúvida. Mas, mesmo assim, não podemos deixar de obedecer aos sinais."
A vida é uma luta constante e Deus é o principal interessado na nossa vitória. Por isso devemos saber que não estamos no mundo como mero observadores dele, mas como participantes ativos no papel de guerreiros. Ora, para que possamos lutar e vencer o inimigo devemos usar a espada do Espírito que é a própria Palavra de Deus (Efésios 6.17).
Por muito tempo eu lutei contra um compromisso maior com Deus pois O via pedindo para as pessoas renunciarem muitas coisas e achava que, se eu caminhasse só, com as minhas próprias forças, eu não ia precisar abrir mão de tanta coisa e podia chegar muito mais longe. Graças a Deus, Ele foi misericordioso e não demorou para que eu aprendesse que lutas são uma realidade da vida com Deus ou sem Deus. Ninguém está imune a elas. A única (e grande principal) diferença é que com Deus, a vitória é certa. Já sem Ele, é como correr atrás do vento, pois por mais que lutemos e ganhemos uma batalha ou outra, a vitória final nunca chegará.
Para sermos vitoriosos, devemos escolher seguir os sinais que Deus nos deu, não importa qual seja o preço ou as circunstâncias, pois, afinal, apesar de filhos muito amados, somos também servos! Não desprezemos os sinais!
"Como pode o jovem manter pura a sua conduta? Vivendo de acordo com a tua palavra." Salmo 119.9
Random Thoughts by S. Kramer